segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Intradução ao desejo

Insubordino-me nas escolas emocionais
Nada posso aprender...
Nada!!
Só um estranho canto
Um chamado de libertária descendência
Sua voz
Que me modela
fundo
um silêncio
Poético silêncio
Que apreende nas dores diárias
um sorriso suspenso no espaço

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Grito e fuga


A cirurgia de moral asséptica
É a incubadora do desejo petrificado
E o gosto de vinho barato
Permeia as noites de fuga da colonização
Onde as garrafas de vidro se chocam contra o caminho ondulante junto ao mato lunar
E bruxas possuem sorrisos elétricos
Que se danem os canudos!
Que nada substitua o contato direto
E o choque térmico dos encontros
Saboreando as palavras
(Assim...)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Catarse


Quanta leveza desfrutada!
Quantos sonhos em marcha!
O verso me foge... essas palavras não pertencem a mim
São errantes
Do mundo vieram e ao mundo irão
Pescadas ao acaso no fino tecido do tempo ilusório, palavras vêm e comem meu almoço e batem a porta ao sair...
Vão! Se querem ir vão!
Sou eu que não sou desse mundo
Sou de onde eu quiser
Me invento mil nascimentos
Assim justifico os meus silêncios
Essa solidão da seca e da cova
mortal pra quem aspira o ar da superfície
E se afoga em um mar de péssima música
Quem foram os pintores desse quadro depressivo?
Ninguém além de nós mesmos...
Medo do toque?
O que é essa estranha estática?
Condicionamento nos colégios técnicos do desespero
Não creio nas promessas imediatas dos manuais de etiqueta e de boas-maneiras
Eu não quero fechar os meus olhos, eu só creio nas catarses da madrugada
Oh, mas isso dá azia nos tele-evangelistas... E Deus não gosta disso!
Brindemos pelos nossos pesares, então!
Pois a realidade é tão somente o que vemos e sentimos

A nostalgia das ruas desertas
O copo de cerveja que eu bebi sem vontade
O catecismo dos profetas diplomados
E a poesia grávida do mundo...

Respiro o blues dos teus olhos
Não sou ninguém
Um fardo grande demais
Para a frágil percepção humana

Tudo sobra e somos todos um pouco do nada
Mas um passo em falso e voamos, lembra?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ode à Fragilidade


Tentar pegar o que está ao alcance das mãos!
O maravilhoso instante em que a dor cotidiana recua a passos largos...
Não há contemplação da miséria.
Nem a miséria dessa contemplação.
Só a incerteza.
Incerteza...
Um pequeno vacilo.
Um passo em falso na direção correta.
Quem me dera...
Quem me dera estender meu amor sobre todas minhas pequenas grandes falhas.
Coisas que se escondem ao olhar...
É uma merda ser humano!
Melhor é ser um cão...
Isso! Um cão!
Cães sorriem maquinalmente de dentes cerrados para a guilhotina?
Espero que não...
Me assusta pensar em tão solitária existência! A solidão da Cultura do Medo Eterno! O implacável assassino dos dias que sempre chega muito, mas muito tarde...
A hora vai chegar” parece gravado na pele...
Sentenciosamente baixa uma voz que diz: Está condenado a buscar a felicidade dos pequenos momentos.
Mas quem me dera se eu pudesse me abandonar!
Me abandonar e me encontrar nos sempre planejados encontros acidentais, onde olho e sorrio despreocupadamente.
Um perfeito acidente...
A explosão de caos transformador!
A inteligência sabotada pela contra-informação!
Campos de batalha transfigurados em grandes festas pagãs!
Incorporando o não-objetal, celebremos o ócio criativo que é afogado nos delírios cotidianos.
Golpeemos o bezerro de ouro civilizatório ao nos despirmos da colcha-de-retalhos reptiliana...
Não há tentativa.
Só a dor que transmuta-se.
Feliz... Enfim?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Liberdade, Liberdade


Era uma brisa leve.
Mas o ar era pesado como a vida...













































Queda livre!
O vento lambe as orelhas.
Liberdade.
Invisível Liberdade.
Cambaleia pelas ruas do cárcere...
Escorre entre os meus dedos.
Ouço sua respiração sofrida e o som da sua voz em manhãs de sol opressor...
Mas junto de mim não guardo nada, ó Liberdade!

As bocas se abrem em desafio!
Mas promessas não são feitas e nem quebradas.
O cansado relógio se lança em corrida enquanto o carrasco afia suas lâminas a plena luz do dia.
Parece que está rindo...
Lembrei da violência e o mundo pareceu suspenso.
Pareceu fugir de nossas vistas nos deixando desabrigados...
Até que o mundo se desdobrou em epifania.
Com antigos amores na porta e grosso chumbo por vir!
Não chovia.
Mas o ar crepitava!
Seus pulmões de sanfona se enchiam de ar...

Hoje é fácil sangrar!

Não pude acreditar...
Pensei que fosse invadir os corações com fúria bestial!
Entrando sem bater nos casebres solitários das almas resignadas...
Porém lhe viraram o rosto.

Mas não eu.
Ainda espero o bater das suas asas.
Mas quem espera nunca alcança...
Nesse lindo e triste mundo, tão cruel sem você, ó Liberdade...

sábado, 23 de junho de 2012

Do lado de fora


Em um mundo paranóico, o mais doente é o perfeitamente ajustado, claro.
São...
Mas nunca encontrei sanidade que fosse palpável nos espetáculos cotidianos.
A não ser aquelas “almas perdidas”.
Esquizofrênicas.
Que com a mente tomada de pura epifania corrosiva mostraram o dedo para os signos da moral.
Vomitaram os pedaços mal-digeridos do cadáver apodrecido de deus e não creem mais na velha balela do Sacro-santo império da ciência; os dogmas da precisão milimétrica na análise das coisas fúteis, que nunca importaram merda nenhuma pra ninguém. Ó, pregadores do absoluto, da incontestável vingança divina sobre as mentes pouco ortodoxas, eu os saúdo!
Vocês são as criadoras... e eu não mais enxergo.
Fico um pedaço de não-vida!
“Prometemos lhe incutir o senso das coisas reais! Prometemos a suprema visão! A fronteira final! O último degrau! Vamos, vamos, vamos... não é tão difícil, só vai ser preciso um pouquinho de sacrifício... Posso dispor da sua boa-vontade? Não dói nada, só é preciso querer, então, o que me diz?”
Eu te digo: ao inferno com tudo isso!
Por que mais anestesia? Não dependa da minha boa vontade...
Sou mais pedra, fogo e explosão!
Nunca inválido.
Maldita boca que devora a manhã...
Discurso secular.
É tudo tão óbvio!
Se não te bato... corro até não ouvir mais a sua voz.

sábado, 21 de abril de 2012

22:50 (sono induzido)


Fogo na bandeira bancária!      
Falácia!
Toscas vozes talhadas em madeira enrugada...
Emolduram-se, tomam a forma de coro.
E ouço língua das folhas, dialeto do vento...
E vil, vil, vil... Vil formato de violência simbólica petrificada. Ergueram os muros e tiraram o meu barato. Nunca vi nada igual! (hoje)
Mentiram pra mim! Me venderam o que sempre foi meu! Não quero mais falar sobre isso...

[...]

É.
Sempre.
O.
Mesmo.
Papo.
Furado.

Masturbação intelectual, cultivo de hortaliças estéreis.
Compre, compre, compre... Eaí, me vendeu a sua idéia e eu não vi nada no começo, depois percebi que nunca houve nada pra ver de verdade, desconfio que essa foi a sua intenção desde o começo...
Não vou pendurar meu pensamento com fitinhas coloridas em prateleiras organizadas numericamente e o SOMA visual. Não, não, não quero!
Claustrofobia áudio-visual: não é pra ninguém...
Os passeios vespertinos nas praças de alimentação das super-igrejas nunca tiveram nenhuma esperança.
É jogar no vazio.
É andar vacilante.
É nadar em favor de um rio de bosta.
É ser plástico.
Descartável.
Inválido.
Dispensável.
Facilmente enganável.
Vendido...

Vê se acorda.
Olha!
Quebra!