segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ode à Fragilidade


Tentar pegar o que está ao alcance das mãos!
O maravilhoso instante em que a dor cotidiana recua a passos largos...
Não há contemplação da miséria.
Nem a miséria dessa contemplação.
Só a incerteza.
Incerteza...
Um pequeno vacilo.
Um passo em falso na direção correta.
Quem me dera...
Quem me dera estender meu amor sobre todas minhas pequenas grandes falhas.
Coisas que se escondem ao olhar...
É uma merda ser humano!
Melhor é ser um cão...
Isso! Um cão!
Cães sorriem maquinalmente de dentes cerrados para a guilhotina?
Espero que não...
Me assusta pensar em tão solitária existência! A solidão da Cultura do Medo Eterno! O implacável assassino dos dias que sempre chega muito, mas muito tarde...
A hora vai chegar” parece gravado na pele...
Sentenciosamente baixa uma voz que diz: Está condenado a buscar a felicidade dos pequenos momentos.
Mas quem me dera se eu pudesse me abandonar!
Me abandonar e me encontrar nos sempre planejados encontros acidentais, onde olho e sorrio despreocupadamente.
Um perfeito acidente...
A explosão de caos transformador!
A inteligência sabotada pela contra-informação!
Campos de batalha transfigurados em grandes festas pagãs!
Incorporando o não-objetal, celebremos o ócio criativo que é afogado nos delírios cotidianos.
Golpeemos o bezerro de ouro civilizatório ao nos despirmos da colcha-de-retalhos reptiliana...
Não há tentativa.
Só a dor que transmuta-se.
Feliz... Enfim?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Liberdade, Liberdade


Era uma brisa leve.
Mas o ar era pesado como a vida...













































Queda livre!
O vento lambe as orelhas.
Liberdade.
Invisível Liberdade.
Cambaleia pelas ruas do cárcere...
Escorre entre os meus dedos.
Ouço sua respiração sofrida e o som da sua voz em manhãs de sol opressor...
Mas junto de mim não guardo nada, ó Liberdade!

As bocas se abrem em desafio!
Mas promessas não são feitas e nem quebradas.
O cansado relógio se lança em corrida enquanto o carrasco afia suas lâminas a plena luz do dia.
Parece que está rindo...
Lembrei da violência e o mundo pareceu suspenso.
Pareceu fugir de nossas vistas nos deixando desabrigados...
Até que o mundo se desdobrou em epifania.
Com antigos amores na porta e grosso chumbo por vir!
Não chovia.
Mas o ar crepitava!
Seus pulmões de sanfona se enchiam de ar...

Hoje é fácil sangrar!

Não pude acreditar...
Pensei que fosse invadir os corações com fúria bestial!
Entrando sem bater nos casebres solitários das almas resignadas...
Porém lhe viraram o rosto.

Mas não eu.
Ainda espero o bater das suas asas.
Mas quem espera nunca alcança...
Nesse lindo e triste mundo, tão cruel sem você, ó Liberdade...