Tentar pegar o que está ao alcance das mãos!
O maravilhoso instante em que a dor cotidiana recua a
passos largos...
Não há contemplação da miséria.
Nem a miséria dessa contemplação.
Só a incerteza.
Incerteza...
Um pequeno vacilo.
Um passo em falso na direção correta.
Quem me dera...
Quem me dera estender meu amor sobre todas minhas
pequenas grandes falhas.
Coisas que se escondem ao olhar...
É uma merda ser humano!
Melhor é ser um cão...
Isso! Um cão!
Cães sorriem maquinalmente de dentes cerrados para a
guilhotina?
Espero que não...
Me assusta pensar em tão solitária existência! A solidão
da Cultura do Medo Eterno! O implacável assassino dos dias que sempre chega
muito, mas muito tarde...
“A hora vai chegar”
parece gravado na pele...
Sentenciosamente baixa uma voz que diz: Está condenado a
buscar a felicidade dos pequenos momentos.
Mas quem me dera se eu pudesse me abandonar!
Me abandonar e me encontrar nos sempre planejados
encontros acidentais, onde olho e sorrio despreocupadamente.
Um perfeito acidente...
A explosão de caos transformador!
A inteligência sabotada pela contra-informação!
Campos de batalha transfigurados em grandes festas pagãs!
Incorporando o não-objetal, celebremos o ócio criativo
que é afogado nos delírios cotidianos.
Golpeemos o bezerro de ouro civilizatório ao nos
despirmos da colcha-de-retalhos reptiliana...
Não há tentativa.
Só a dor que transmuta-se.
Feliz... Enfim?