sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Inferno

Gigante diabético com pulmões de aço,
Altar dos apóstolos da vivissecção,
Besta cinza que corrói a si:
Pedagogo pneumático-São Paulo.

Sou um rato acuado por monossílabos...
Será
Que há em mim algum resquício de poesia?
Não engulo mentiras.
E promessas vãs.

Se preciso
Vou morrer
Estupidamente feliz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Poema-espelho


Certa vez
Senti
Que talvez
Sem ti
Não viveria.
Apesar
De...
Veja bem.
[...]
Um momento.
Só queria começar
Um preâmbulo de preâmbulos.
Pura incompletude.
Eu.
Você.
Sentados nos extremos
De olhos soturnos em trêmulo conflito.
Que denunciam
O espasmo
Da alma
Que se agita em onírica vigília
E
Cai.
Quebrada...
Tão quebrada
Que se liquefaz.
E escorre entre os dedos da fome que a criou
(Fome do corpo).
Faces
Vítreas
Intimam
A mais
Tímida
Inclinação.
Agarra-se.
Apega-se.
Tirano!
Por tão pouco.
Quando morre-se em vida
Não se ousa.
Nem se vê.
Em plena avenida
De Graça Suicida.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Intradução ao desejo

Insubordino-me nas escolas emocionais
Nada posso aprender...
Nada!!
Só um estranho canto
Um chamado de libertária descendência
Sua voz
Que me modela
fundo
um silêncio
Poético silêncio
Que apreende nas dores diárias
um sorriso suspenso no espaço

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Grito e fuga


A cirurgia de moral asséptica
É a incubadora do desejo petrificado
E o gosto de vinho barato
Permeia as noites de fuga da colonização
Onde as garrafas de vidro se chocam contra o caminho ondulante junto ao mato lunar
E bruxas possuem sorrisos elétricos
Que se danem os canudos!
Que nada substitua o contato direto
E o choque térmico dos encontros
Saboreando as palavras
(Assim...)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Catarse


Quanta leveza desfrutada!
Quantos sonhos em marcha!
O verso me foge... essas palavras não pertencem a mim
São errantes
Do mundo vieram e ao mundo irão
Pescadas ao acaso no fino tecido do tempo ilusório, palavras vêm e comem meu almoço e batem a porta ao sair...
Vão! Se querem ir vão!
Sou eu que não sou desse mundo
Sou de onde eu quiser
Me invento mil nascimentos
Assim justifico os meus silêncios
Essa solidão da seca e da cova
mortal pra quem aspira o ar da superfície
E se afoga em um mar de péssima música
Quem foram os pintores desse quadro depressivo?
Ninguém além de nós mesmos...
Medo do toque?
O que é essa estranha estática?
Condicionamento nos colégios técnicos do desespero
Não creio nas promessas imediatas dos manuais de etiqueta e de boas-maneiras
Eu não quero fechar os meus olhos, eu só creio nas catarses da madrugada
Oh, mas isso dá azia nos tele-evangelistas... E Deus não gosta disso!
Brindemos pelos nossos pesares, então!
Pois a realidade é tão somente o que vemos e sentimos

A nostalgia das ruas desertas
O copo de cerveja que eu bebi sem vontade
O catecismo dos profetas diplomados
E a poesia grávida do mundo...

Respiro o blues dos teus olhos
Não sou ninguém
Um fardo grande demais
Para a frágil percepção humana

Tudo sobra e somos todos um pouco do nada
Mas um passo em falso e voamos, lembra?